Ate breve!

Ei, não se espante.
Vou me ausentar por alguns instantes:
A poda da primavera se faz necessária.
Mas leve uma flor,
Assim quem sabe voce volte
Amanhã ou mais tarde,
Para rever meu jardim,
E repartir comigo
Novos tons de amor!
Até breve!









Beijos a todos que por aqui passarem!

{imagens: Stanislav Volqushev}

Esperança



"Até onde conseguimos discernir, 
o único propósito da existência humana 
é acender uma luz 
na escuridão da mera existência."





Ainda a tempo...

\

Por que essa necessidade quase insana de se acertar sempre?
Por que essa fobia de ser descartado a qualquer momento?
Não podemos ser simplesmente gente
Passíveis de acerto e erro?
Os sorrisos transformaram-se em códigos de negócios,
E os olhares, melhor sem comentá-los...
Tristeza sem fim nos transformamos.
Resgatemos enquanto à tempo
O melhor e mais humano de nos
A autenticidade de ser nós mesmos!
{imagem: Ben Goossens}

O portão


"O portão fica aberto o dia inteiro
mas à noite eu mesmo vou fechá-lo.
Não espero nenhum visitante noturno
a não ser o ladrão que salta o muro dos sonhos.
A noite é tão silenciosa que me faz escutar
o nascimento dos mananciais nas florestas.
Minha cama branca como a via-láctea
é breve para mim na noite negra.
Ocupo todo o espaço da mundo.
Minha mão desatenta
derruba uma estrela e enxota um morcego.
O bater de meu coração intriga as corujas
que, nos ramos dos cedros, ruminam o enigma
do dia e da noite paridos pelas águas.
No meu sonho de pedra fico imóvel e viajo.
Sou o vento que apalpa as alcachofras
e enferruja os arreios pendurados no estábulo.
Sou a formiga que, guiada pelas constelações,
respira os perfumes da terra e do oceano.
Um homem que sonha é tudo o que não é:
o mar que os navios avariaram,
o silvo negro do trem entre fogueiras,
a mancha que escurece o tambor de querosene.
Se antes de dormir fecho o meu portão
no sonho ele se abre. E quem não veio de dia
pisando as folhas secas dos eucaliptos
vem de noite e conhece o caminho, igual aos mortos
que todavia jamais vieram, mas sabem onde estou
— coberto por uma mortalha,
como todos os que sonham
e se agitam na escuridão, e gritam as palavras
que fugiram do dicionário e foram respirar o ar da
noite que cheira a jasmim
e ao doce esterco fermentado.
os visitantes indesejáveis atravessam as portas trancadas
e as persianas que filtram a passagem da brisa e me rodeiam.
Ó mistério do mundo, nenhum cadeado fecha o portão da noite.
Foi em vão que ao anoitecer pensei em dormir sozinho
protegido pelo arame farpado que cerca as minhas terras
e pelos meus cães que sonham de olhos abertos.
À noite, uma simples aragem destrói os muros dos homens.
Embora o meu portão vá amanhecer fechado
sei que alguém o abriu, no silêncio da noite,
e assistiu no escuro ao meu sono inquieto."
{imagem: Frederic David}

Banho

Momento  a 1...


Momento a 1...



Momento a dois:
Assim o banho é muito melhor!


Milagre

O milagre da união dessas gotículas
nos proporciona a deliciosa chuva
Dizem que lava a alma,
Dizem que limpa o telhado,
O que sei é que tudo fica limpo e arejado
Claro ao olhar, suave ao tocar...
Adoro chuva!
{imagem: Chan Chen}

Doidivanas

Gosto que vejas minha cara de puta,
Assim de quatro por tuas carnes dentre as minhas,
Me transporto ao cáis, aos lupanares, às ruas doidivanas...
{imagem: Keenia Mihalchgk}

Ehhhhh!

A semana se inicia, então...
Mãos à obra!!!



{imagem: autoria desconhecida}

Flor da idade



{Composição: Chico Buarque de Holanda}

"A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor

Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família
A armadilha
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor


Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor


Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha"

Trocando em miúdos



{Composição: Chico Buarque & Francis Hime}

"Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu

Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças

Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter

Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado

Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu

Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde."

Geni e o zepelim

{composição: Chico Buarque}
"De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir

Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir


Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão

Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
"

Que fez a vida de mim?

"- O que fiz da minha vida?
Pergunto a acercar-se o fim
E isto me ocorre em seguinda:
-Que fez a vida de mim?
Pude, então, reconhecer
Nos seus caprichos e ardis
Que nunca fui qem quis ser,
Fui somente o que ela quis!
Duma forma persistente
Tomou-me e me comandou,
Poderosa e prepotente,
De mim usou e abusou:
Deu-me tratos de polé
Tantas vezes que nem sei
Se deu culpas serei ré
E onde, quando e como errei!
Para o rumo que pretendi
Negou-me o seu forte impulso
E a tudo ao que ascendi
Tive de o fazer a pulso.
Recusou-me um terno abrigo,
Desfez projectos, ideais,
Persuadindo ser castigo
Por ter pedido demais.
Mais madrasta que madrinha
Demonstrou-me tal desdém
Que me pôs sò e velhinha
No deserto de ninguém.
Na sua mão sempre arteira
Que ambições fez em fiapos,
Eu fui boneca de trapos!
E embora o que é doce e bom
Raro o venha oferecer
E anto faça sofrer...
A vida é tão grande dom
Que vale a pena viver!"

{imagem: autoria desconhecida}

Please??

Pode amarrar meu sapatinho??






4 para violoncelo

Tanto

Existe tanto a saborear...

Que não me canso de experimentar!


Ah... Foi bom!


O calor do seu corpo aqueceu o meu
Nessa tarde mansa de primavera.
O afago no rosto meu foi suave, quase ingênuo...
E ao sabor desses minutos,
distante das dores e receios
Me permiti ficar.
Solta das amarras dos tabus,
Livre de medos antigos,
Ah... Foi bom!
Bom demais te sentir!



Entrevista




















"Um homem do mundo me perguntou:o que você pensa do sexo?
Uma das maravilhas da criação eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara: o destino do homem é a santidade.
A mulher que me perguntou cheia de ódio: você raspa lá?
Perguntou sorrindo, achando que assim melhor me assassinava.
Magníficos são o cálice e a vara que ele contém, peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor que vem de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
Se "cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte duro, como o inferno tenaz",
descansa em teu amor, que bem estás."


























A puta

"Quero conhecer a puta.
A puta da cidade.
A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser:
Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.
Ela arreganha dentes largos
De longe.
Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente.
A puta quente.
É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta."










Um beijo de boa noite...



Uma a um

Envolveste meu corpo na áspera trama da espera,
Uma hora após a outra,
Um dia após o outro...
Meus poros exalando desejo,
Meu ventre pulsando vigoroso.
Esse exercício de espera
Transformar-se-á em gritos sussurrados de gozo!



A cadelinha está faminta...



O bico

Num sentar mais descontraído,
Nada passa despercebido
Ao olhar atento do seresteiro.
O bico do seio,
A pele macia,
Pequenas delícias do dia!


Obrigada!!!!!


As vezes


As vezes tenho vontade de trocar de pele,
de endereço,
de país,
de vida!
Para concretizar o desejo,
Algumas vezes bastar dobrar a esquina,
Outras, nem com botox e muita tinta.
A mudança deve vir da alma.
Jogarmos fora os ressentimentos,
A chaleira com maus pensamentos
e as ervas daninhas do coração.

Antes de partir



Sinopse

"Edward Cole (Jack Nicholson) e Carter Chambers (Morgan Freeman) so dois homens com cncer em estgio terminal, que fogem do hospital e pem os ps na estrada com uma lista de coisas que gostariam de fazer antes de morrer."
Um filme imperdvel!

Novo olhar

Não é preciso virar a vida pelo avesso,
às vezes basta apenas um novo olhar
para ver belezas e sentir paz!



{imagem: Tony McBurney}